domingo, 11 de dezembro de 2011

Lyoto Machida: análise da carreira e perspectiva para o futuro (2ª parte)


Lyoto em bom momento contra Jones: brasileiro saiu
derrotado por finalização 
Após derrotar Thiago Silva, e de quebra vencer o prêmio de melhor nocaute da noite, Lyoto teve a tão esperada chance de lutar pelo cinturão. Em maio de 2009, Machida enfrentou o campeão Rashad Evans na luta principal do UFC 98. Foi uma noite para entrar pra história do Brasil e, em particular, do karate nacional.

É do conhecimento de todos a popularidade que o estilo Shotokan ganhou no país durante as décadas de 80 e meados de 90. O karate manteve-se forte e com um grande número de praticantes, mas é inegável o afastamento da imprensa especializada já há alguns anos, e Lyoto resgatou a relevância da arte marcial dentro do contexto atual: o da mistura de artes marciais (MMA).

Voltando a disputa do cinturão, Lyoto enfrentou Rashad Evans como um verdadeiro campeão. Apesar do início morno, Machida conseguiu conectar ótimos golpes, levando o adversário a nocaute ainda no segundo round. Seu desempenho lhe valeu o prêmio de nocaute da noite pela segunda vez consecutiva e um bônus de 60.000 dólares. Nada mal para quem ainda era desacreditado por muitos. O problema foi o que veio depois do cinturão.

Lyoto defendeu o cinturão duas vezes. Na primeira luta, contra o brasileiro Maurício Shogun, no UFC 104, o carateca parecia diferente; nada funcionava. Venceu, mas não convenceu. Sem entrar na polêmica que houve na época, vale registrar que a luta foi bastante comentada por praticantes, torcedores, especialistas e lutadores. Apesar da decisão dos juízes ter sido unânime, isso não ocorreu no meio especializado. O chefão do UFC, Dana White, ainda na coletiva de imprensa, confirmou uma revanche entre os dois, e ela ocorreu no ano seguinte, 2010, no UFC 113.

Mauricio Shogun, mordido pela derrota, foi pra cima do campeão e definiu a luta no prmeiro round, impondo, concomitantemente, o primeiro nocaute e a primeira derrota na carreira de Lyoto Machida, que saiu bastante abalado da luta. Após a perda precoce do cinturão, Machida ainda faria mais duas lutas antes de ter um uma nova chance de disputar o título. Perdeu por pontos para Quinton Jackson, no UFC 123, e derrotou de forma épica o ex-campeão, e lenda viva do MMA, Randy Couture, durante o UFC 129. Lyoto arrancou um dente de Couture aplicando-lhe um mae gueri (chute frontal). A ele coube anunciar a aposentadoria logo após a luta. Já Lyoto, além de receber o premio de melhor nocaute da noite, ganhou novo ânimo para seguir no UFC.

O grande erro
- análise da luta contra Jon Jones –
O nocaute sobre Randy Couture colocou Lyoto novamente sob os holofotes. Apenas três edições depois, durante os preparativos para o UFC 133, Lyoto foi convidado para substituir Phil Davis, que lutaria contrata Rashad Evans na luta principal do evento.

Lyoto topou, mas pediu um valor bem acima do que geralmente recebe, alegando que teria pouco tempo para treinar e que não iria “fazer favor” para ninguém, “a menos que fosse algo que compensasse”. A luta não aconteceu e Rashad terminou enfrentando Tito Ortiz, o que gerou mal estar entre Lyoto e seu chefe, Dana White. A meu ver, Dana White concedeu a Lyoto um ‘title shot’ consciente do que estava fazendo. Explico melhor: Dana White jogou Lyoto na fogueira.

Torci, acreditei e comemorei muito o primeiro round. Mas, sejamos sinceros, Jon Jones está sobrando e as chances do Lyoto acabaram em menos tempo do que ele levou para acordar após sofrer uma guilhotina invertida. Durante a coletiva, Jones afirmou que aquilo saiu “naturalmente”. Também durante a coletiva, Jones disse nunca ter “lutado contra ninguém como Lyoto”, e que o primeiro round tinha sido “muito, muito confuso” (sic).

Se o primeiro round foi “confuso” para Jones, o segundo foi desastroso para Lyoto. Machida manteve a agressividade do round inicial, mas vacilou na guarda e, ao mesmo tempo em que acertou Jones, levou um contra golpe, porém mais potente. Lyoto ficou um pouco desorientado, o suficiente para ser levado ao chão por Jones, que lhe acertou uma cotovelada na testa. O americano sabia exatamente o que estava fazendo. Ao derrubar Machida, Jones olha, mira e acerta a cotovelada, aplicada com o objetivo claro de cortar e provocar o sangramento. Tudo dentro da regra, que fique bem claro.

O fato é que a partir desse golpe, Jones fica com a luta na mão. O Dragão sangrou, perdeu toda a agilidade e agressividade que vinha mostrando, mas conseguiu ficar de pé. Nesse momento, o árbitro John McCarthy interrompe a luta e pede uma avaliação do estado do corte em Lyoto. O médico autoriza prosseguirem. Logo após o reinicio, Lyoto parte para um último ataque. É nesse momento que Jones o acerta com muito mais contundência e o leva para a grade. Ele aplica uma guilhotina invertida em Machida, que alguns segundos depois cai completamente desacordado no octagon. Fim de luta.

O futuro
O  Ultimate Fighting Championship é uma empresa. O objetivo claro do UFC é o espetáculo, o entretenimento. Dana White sabe conduzir o show, e nunca nutriu grandes amores por Lyoto. Na minha opinião, essa luta nem deveria ter acontecido. Não me recordo de um atleta que tenha perdido o cinturão e, apenas duas lutas depois, tenha recebido uma chance para reconquistar o título. E vale lembrar que, das duas lutas que Lyoto fez após a perda do cinturão, ele só venceu uma.

O que justificou a escolha de Machida para desafiar Jon Jones? A meu ver, nada. O fato é que Lyoto sofreu uma derrota dura, que deixa marcas. Não sei o quanto isso irá afetar a carreira dele. Espero que todos os membros do Clã Machida saibam lidar com essa derrota e que Lyoto saiba dar o melhor rumo para a sua carreira. Dana White não se manifestou em momento algum sobre o futuro do atleta no UFC durante a coletiva. Alguém arrisca um palpite? Eu deixo aqui duas possibilidade: uma “melhor de três” com Shogun ou o cargo de técnico em uma eventual próxima edição do The Ultimate Fighter. Alguém se arrisca a fazer uma previsão?

Luta entre Jon Jones e Lyoto

Estilo Shotokan
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Lyoto Machida: análise da carreira e perspectiva para o futuro (1ª parte)


Lyoto durante luta contra Tito Ortiz, no UFC 84 (foto: google imagens)

Lyoto Machida, também conhecido como “The Dragon”, fez sua estreia no Ultimate Fighting Championship dia 3 de fevereiro de 2007. A luta, contra o americano Sam Hoger, ocorreu durante o UFC 67, e foi um momento chave para nós, caratecas.

Lyoto, então com 29 anos, já havia lutado oito vezes profissionalmente, permanecendo invicto. Entre os oponentes que enfrentou antes de assinar contrato com o UFC, Machida derrotou atletas como BJ Penn, Stephan Bonnar e Rich Franklin,  sendo os dois últimos nocauteados pelo “Dragão” em poucos minutos. Isso credenciou o carateca, praticante do estilo Shotokan, a ingressar no mais cobiçado evento de Mixed Martial Arts do mundo, o que nos leva de volta ao dia 3 de fevereiro de 2007.

A luta contra Sam Hoger foi à primeira das quatro realizadas pelo atleta naquele ano. Na sequencia, Machida derrotou o também americano David Heath, o japonês Kazuhiro Nakamura e o camaronês Rameau Thierry Sokoudjou, sendo os três primeiros por decisão unânime dos juízes e o último por finalização com um katagatame (Lyoto também é faixa preta de jiu-jitsu).

Já em 2008, Machida enfrentou seu primeiro grande desafio no UFC, o experiente Tito Ortiz. A luta, que ocorreu no UFC 84, foi bem movimentada, sendo vencida pelo brasileiro por decisão unanime dos juízes. Tito ficou bastante machucado e Lyoto começou a ganhar notoriedade entre os praticantes e fãs de MMA. Vale ressaltar que, àquela altura, o estilo diferenciado de lutar imposto por Lyoto já despertava a atenção dos que acompanham o esporte. Porém, a vitória contra um lutador como Tito Ortiz deu a Lyoto a exposição na mídia necessária para ganhar espaço em um evento tão disputado como o UFC.

Lyoto teria uma nova chance no UFC 89, realizado em outubro de 2008, mas seu oponente, o brasileiro Thiago Silva, machucou-se durante os treinos e a luta foi adiada para o UFC 94, que foi realizado em janeiro de 2009, em Las Vegas. Apesar da boa luta contra Tito Ortiz, Lyoto “devia” ao público uma vitória convincente, que mostrasse algo a mais em seu estilo. Essa vitória veio justamente contra seu compatriota. Lyoyo foi perfeito. Mostrou não somente bom jogo em pé e esquiva, atributos já conhecidos, como mostrou também sua habilidade de nocauteador. Machida derrubou Thiago de maneira contundente ainda no primeiro round, garantindo-lhe o título de melhor nocaute da noite. Era o que faltava para o ‘title shot’ (expressão do inglês que significa a chance de disputar o cinturão da categoria).

O carateca teve sua chance. Ainda hoje publico a segunda parte, que vai abordar desde a disputa pelo cinturão contra Rashad Evans, no UFC 98, até a derrota para Jon Jones no UFC 140.

Oss.

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